A disputa mais emblemática da indústria automobilística nacional ganhou um novo capítulo em 2010. Em maio, para tentar ameaçar a liderança de 23 anos do Volkswagen Gol, a Fiat lançou o novo Uno, que se uniu ao Mille, para encarar a quarta e quinta gerações do hatch alemão.
A briga parecia equilibrada, mas a Fiat tinha um diferencial: uma versão com apelo “off-road” de seu novo popular, a Way. Bastaram seis meses para que a Volks respondesse com a reedição do Gol Rallye, uma receita que já havia dado certo em 2004 e 2007. As duas edições são comparadas nessa reportagem do G1 e o Gol sai com vitória apertada, pelo desempenho e acabamento.
Além de contribuírem na disputa pelo título de carro mais vendido, já que o Gol lidera seguido pelo Uno, as versões aventureiras sintetizam a acirrada disputa das duas montadoras pelo primeiro lugar no ranking de vendas brasileiro.
Ambos apimentam a batalha no segmento dos aventureiros leves – ‘modinha’ que foi lançada pela Fiat, com o Palio Adventure, em 1999, mas que atualmente tem a liderança da Volks, com o CrossFox.
Peso no bolso
Apesar da mesma proposta, o preço dos hatches é bem distinto. O Uno Way, equipado com motor 1.0, parte de R$ 29.030, mas a versão avaliada é a 1.4 EVO, a mais potente, que começa em R$ 32.480. Isso porque o Volkswagen Gol Rallye é oferecido apenas com motor 1.6, por R$ 40.700.
Na configuração semelhante à do hatch alemão, com desembaçador e ar quente, direção hidráulica, preparação para som e alto-falantes, vidros dianteiros elétricos, faróis de neblina, rodas de liga-leve e adesivos na carroceria, o preço do compacto da Fiat chega a R$ 36.321.
A Volks cobra R$ 4.380 a mais por sensor de estacionamento e repetidores de setas nos retrovisores, itens que não estão na lista de equipamentos do Uno, mais escassa. O ar-condicionado é opcional em ambos e eleva o preço do Way para R$ 38.518 e o da série Rallye para R$ 43.355.
Ao volante
O Gol é mais caro, em contrapartida tem melhor desempenho, graças ao motor mais potente, de 104 cavalos, aos engates curtos e precisos da caixa manual de cinco velocidades e ao novo acerto de suspensão, que ficou 28 milímetros mais alta e rígida. As rodas são de 15 polegadas, calçadas com pneus de perfil mais baixo. Porém, os pneus não são de uso misto, como no Uno, e podem ‘penar’ um pouco.
O Way vence a lama moderada com mais facilidade e é mais alto em relação ao piso – são 190 mm contra 171 mm do Rallye. Por outro lado, trepida mais em pisos lisos e a carroceria inclina um pouco nas curvas, culpa também da suspensão demasiadamente macia. O hatch da Fiat perde pontos ainda no conjunto motor e câmbio: as trocas de marchas são menos precisas e o propulsor 1.4 é áspero, o que aumenta o ruído na cabine e denuncia pior isolamento acústico.
Roupagem
O Uno veste melhor a roupa aventureira, com barras no teto e molduras laterais e para-choques de plástico preto – apetrechos que são mais discretos no Gol. A série da Volks incorporou apenas adesivos na parte inferior da lateral, grade preta com o nome da versão em uma faixa prata, aerofólio traseiro e ponteira do escapamento cromada.
Na cabine, eles trocam de posição. O Rallye traz revestimento interno do teto e das colunas em tom preto, novo tecido nos assentos e portas, painel com pintura texturizada e os comandos e o quadro de instrumentos com iluminação de LEDs. O Way é mais ousado, com quadro circular, peças com formas geométricas diferentes e mais porta-trecos. No entanto, o acabamento em plástico é de aspecto mais pobre e os tecidos, visivelmente, de qualidade inferior.
Por ter um conjunto mecânico mais acertado e acabamento superior, o Gol Rallye vence o Way, mesmo com o fato do Uno ser um pouco melhor na terra - o que nnão faz dele um carro preparado para aventuras fora-de-estrada de verdade - e ter o custo-benefício mais interessante. Prova disso é que essa versão com apelo aventureiro representa 50% do mix de venda do hatch da Fiat, segundo a fabricante. A Volks, que não divulga desempenho de séries especiais, espera que seu ‘off-road’ popular represente somente 5% das vendas.
Do G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário